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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Pax, de Sara Pennypacker

Unknown
As maçãs não caem longe das árvores.
É essa frase que acompanha Peter, de 12 anos, ao longo de todo o livro. A trajetória de amadurecimento do menino e sua raposa – ou da raposa e seu menino – nos mostra como é difícil crescer e manter sua essência, como é difícil crescer e não se tornar aquilo que juramos para nós mesmos que nunca seríamos. Mas, principalmente, como é difícil saber qual é o nosso lugar no mundo – e qual é o lugar daqueles que amamos também.

Tendo a guerra como pano de fundo, "Pax" conta a história de um garoto que precisa se separar do seu animal de estimação, a raposa que dá nome ao romance, e mostra todo o caminho que ele percorreu na tentativa de reencontrá-lo. Caminho esse que traz à tona a raiva e a vontade de Peter de se diferenciar da figura do pai, além da sua necessidade de mostrar que sua relação de amizade e confiança com Pax não é banal e desimportante, não é uma coisa sobre a qual a guerra pode passar por cima.
Criei minha raposa desde que ela era filhote. Minha raposa confiava em mim. Ela não vai saber sobreviver lá fora. Não importa se é "só uma raposa"... É assim que meu pai diz, "só uma raposa" [...]
A narrativa se constrói com alternância de narradores: os capítulos ímpares do livro são narrados sob a perspectiva de Pax, e o pares, sob a de Peter. Sara Pennypacker, a autora, se dedicou durante algum tempo a estudar o comportamento das raposas-vermelhas, o que trouxe um tom verossímil aos capítulos do animal, fazendo com que o leitor se sinta tão próximo dele quanto de Peter.


Essa verossimilhança, aliada aos temas profundos tratados, fazem de "Pax" um daqueles livros que, apesar de serem dirigidos ao público infantil, só alcançam seu sentido pleno quando lidos por olhos mais experientes. A história de Peter e Pax possui sutilezas que dificilmente são percebidas por crianças, possui uma melancolia bonita que dificilmente será compreendia por elas.

Lidar com a raiva, a culpa e com relacionamentos familiares problemáticos são os desafios enfrentados por Peter durante sua busca pelo amigo. Já Pax enfrenta a natureza; o selvagem e o desconhecido se apresentam à raposa domesticada pela primeira vez. É então que surge Vola na vida de Peter, e Cinzento, Arrepida e Miúdo na vida de Pax. Os típicos personagens-ponte, que ajudam os protagonistas durante a travessia rumo ao entendimento e crescimento.

Ao final, o livro nos deixa o questionamento de qual é o propósito da guerra, esse microcosmo afetado (relação menino-raposa) serve de metáfora para a devastação e para os sacrifícios feitos em nome de um suposto lado certo – que é relativo, como Vola nos ensina. Crescer tem mesmo que ser um processo destrutivo? Ser adulto é agir com falsidade? Talvez as maçãs possam cair no lugar em que quiserem. Talvez sempre haja uma varanda para qual voltar.

Unknown / Perfil

Associação civil sem fins lucrativos formada por alunos do Instituto de Estudos da Linguagem, a Odisseia foi idealizada com o objetivo de preparar seus integrantes para o mercado de trabalho. Seus serviços oferecidos incluem coaching, revisão e análise crítica/parecer crítico; tópicos que estão, de certa forma, inseridos na criação dos cursos de Estudos Literários, Letras e Linguística. Além de oferecer esses serviços, a empresa busca estabelecer um vínculo maior entre os estudantes do Instituto de Estudos de Linguagem da UNICAMP (IEL) e o mercado editorial.

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