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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Eu, robô, de Isaac Asimov

Unknown
Eu, robô é um clássico da ficção científica que reúne nove contos sobre robôs escritos por Isaac Asimov (1920-1992). O pai da ficção científica (ou o Bom Doutor, como é carinhosamente conhecido pelos fãs) foi um grande cientista que nasceu na Rússia, mas se naturalizou estadunidense aos oito anos, em 1928. Além de cientista, foi um grande escritor, e seu caso como escritor de contos sob a temática da robótica começou em 1939 quando surgiu Robbie, sua primeira história de um robô, este criado para ser a babá de uma criancinha, cuja mãe se mostra temerosa diante da situação.

O fato é que o tema não era novidade; não foi uma invenção de Asimov. Pelo contrário, ele próprio diz haver indícios de histórias da Idade Média, e até da Antiguidade, que possuem seres humanos mecânicos. O porém reside no porquê das histórias de seu tempo mostrarem o lado negativo dos robôs, sempre acabando em catástrofes. A palavra "robô" surgiu pela primeira vez numa peça de teatro da Checoslováquia intitulada "R.U.R.", em 1921. Sua negatividade era tamanha que Asimov a compara a uma Frankenstein da ficção científica. 

Mas por que uma criação humana tão incrível como um ser humano mecânico teria que representar obscuridade, e não algo positivo? A ciência, para ele, deveria triunfar com a sabedoria; assim como o fogo era perigoso para o homem, mas mesmo assim ele conseguiu domesticá-lo, os robôs poderiam significar um viés vantajoso sem transparecer negatividade. É por essa ideia que Isaac Asimov passou a escrever contos que possuem um conflito relacionado a robôs a ser resolvido, com soluções inicialmente inexistentes, os quais terminam de uma maneira genial, mas não negativa. 

Todos os nove contos possuem um clímax e um desenvolvimento que cativam o leitor. Vou além: desde o primeiro momento eles instigam a nossa curiosidade; precisamos chegar ao final para acompanharmos a saída para tal problema complexo. Precisamos continuar a leitura porque são histórias que, apesar de existirem por si só, afinal elas foram escritas separadamente (só depois é que compilaram num único volume), possuem pelo menos uma personagem que conduz uma espécie de fio narrativo que os perpassa. Esta personagem é a Susan Calvin, psicóloga roboticista, "a primeira grande profissional de uma nova ciência". Ela faz parte da U. S. Robots and Mechanical Men, uma grande empresa criadora de robôs que estará presente em todos os contos. A própria Susan aparece em vários contos, sobretudo como uma dos cientistas escalados para solucionar o problema em questão, ou como a entrevistada da Imprensa Interplanetária por estar se aposentando. 

Mas se Asimov não criou a temática dos robôs, ele formulou algo para ser chamado de "o pai da robótica": as Três Leis da Robótica. Essas leis, basicamente, permitem a existência pacífica dos robôs em sociedade. Ou, para ser mais clara, viabiliza o projeto de Asimov de uma sabedoria não perigosa para os humanos  que fosse, portanto, limitada e controlada.
1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2ª Lei: Um robô deve obedecer os seres humanos, exceto nos casos em as ordens entrarem em conflito com a Primeira Lei.
3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência, a menos que tal proteção entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.
Mais tarde Asimov acrescentou a “Lei Zero”, acima de todas as outras: um robô não pode causar mal à humanidade ou, por omissão, permitir que a humanidade sofra algum mal.
Tais leis permeiam todos os contos, explícita ou implicitamente, mas de forma bastante evidente em sua maioria, até porque serão usadas nas soluções  e questionamentos  dos problemas em pauta. Quando a leitura de cada conto se inicia, a ideia geral que temos sobre histórias dessa temática traz a sensação de que algo muito ruim vai acontecer com os seres humanos em contato com os robôs, mas a surpresa aqui envolvida não é incomum. As histórias possuem um enredo de entusiasmar, de deixar nervoso e, até mesmo, de aquecer o coração. Isso porque o primeiro conto, também o primeiro escrito pelo autor, Robbie, relata a amizade entre uma babá mecânica e uma menininha, além da separação deles por conta do medo da mãe de que aquele relacionamento fosse nocivo à filha. Era o início da criação de robôs e havia um receio generalizado acerca dos perigos que a convivência com máquinas poderia ocasionar. Corta o coração, mas também é um enredo belo.

Já o segundo conto, Andando em círculos, narra o caos que se instala numa operação em Mercúrio referente ao aparente não funcionamento de um robô especializado, que indica não obedecer às ordens dos cientistas e, assim, desrespeitar a Segunda Lei. O terceiro, Razão, é um conto curioso sobre um robô que questiona a existência dos seres humanos (ele se vê como mais resistente e muito menos limitado por ser mais inteligente e não precisar se alimentar, dormir etc.) e encontra a religiosidade. É preciso pegar o coelho é a quarta história, e nela robôs agem de forma estranha quando não são supervisionados por humanos, manifestando danças esquisitas. Mentiroso!, o quinto, é fascinante na medida em que apresenta conflitos psicológicos diante de um robô que, durante sua montagem e programação, saiu acidentalmente da fórmula padrão e passa a ler mentes. No sexto, Um robozinho sumido, descobre-se que foi criado um número limitado de robôs nos quais a Primeira Lei foi implantada de forma atenuada. Isto causa um alarme em Susan, a psicóloga roboticista, sobretudo quando descobrem que um desses sumiu e parece estar se escondendo de propósito no meio de 62 outros robôs idênticos a ele (só que com a Primeira Lei de acordo com o padrão estabelecido). O desafio de encontrá-lo se faz exaustivo. Em Evasão!, o sétimo conto, a humanidade parece ter finalmente criado uma nave que faz viagens intergaláticas, a qual planeja, ela própria, o sequestro de dois cientistas. Na sequência, Evidência, apresenta um futuro no qual é possível a criação de robôs idênticos ao homem, e também insere o elemento da política. Há, aqui, um candidato à eleição que é acusado de ser um robô, e não um ser humano (mas como saber se é uma máquina ou um ser humano?). E, por fim, o nono, O conflito evitável, cria uma realidade na qual o planeta é dividido em quatro grandes regiões controladas por máquinas responsáveis por manter o equilíbrio da humanidade.

De forma geral, os nove contos possuem temáticas bem delineadas e variadas, e a maioria extremamente curiosa, como o caso no qual uma máquina pode ler os pensamentos alheios ou quando se coloca em questão a essência/existência humana. A narrativa é fluida e parece tragar o leitor para as histórias apresentadas. No fim, ele vai pensar duas vezes se realmente quer um robô em sua vida, mas ainda assim a ideia não deixará de encantá-lo, principalmente se as Três Leis da Robótica fossem colocadas em prática.

Unknown / Perfil

Associação civil sem fins lucrativos formada por alunos do Instituto de Estudos da Linguagem, a Odisseia foi idealizada com o objetivo de preparar seus integrantes para o mercado de trabalho. Seus serviços oferecidos incluem coaching, revisão e análise crítica/parecer crítico; tópicos que estão, de certa forma, inseridos na criação dos cursos de Estudos Literários, Letras e Linguística. Além de oferecer esses serviços, a empresa busca estabelecer um vínculo maior entre os estudantes do Instituto de Estudos de Linguagem da UNICAMP (IEL) e o mercado editorial.

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