Não é novidade para ninguém que o movimento feminista tem ganhado força no Brasil – e no mundo –, e também não é novidade que, com isso, surgiu um grande questionamento sobre o papel da mulher na sociedade. Tendo isso em mente, mulheres de todo o país passaram a se questionar sobre a falta de escritoras femininas nas suas listas de leitura. Não que haja poucas escritoras mulheres, o que acontece é que elas recebem pouca atenção da mídia e isso faz com que, consequentemente, nós, leitores, acabemos lendo menos mulheres do que deveríamos.
sexta-feira, 3 de março de 2017
Leia (mais) mulheres – 12 autoras mulheres para ler em 2017
Não é novidade para ninguém que o movimento feminista tem ganhado força no Brasil – e no mundo –, e também não é novidade que, com isso, surgiu um grande questionamento sobre o papel da mulher na sociedade. Tendo isso em mente, mulheres de todo o país passaram a se questionar sobre a falta de escritoras femininas nas suas listas de leitura. Não que haja poucas escritoras mulheres, o que acontece é que elas recebem pouca atenção da mídia e isso faz com que, consequentemente, nós, leitores, acabemos lendo menos mulheres do que deveríamos.
Assim, para que em 2017 nós
possamos dar o devido valor à literatura feminina, aqui vai uma lista de doze
autoras para que, neste ano, nós leiamos cada vez mais mulheres.
1. Alice Walker
Alice Walker, negra e filha de
agricultores, conseguiu diversas bolsas de estudo ao longo dos anos,
graduando-se em Artes pela Sarah Lawrence College em 1965. Ativista pelos
direitos dos negros e das mulheres, Alice escreveu De amor e desespero, obra composta por vozes de diversas mulheres
negras dos Estados Unidos. Vencedora do prêmio Pulitzer de ficção em 1983 por A cor púrpura, o livro deu origem ao
filme homônimo dirigido por Steven Spielberg, o qual conta a estória de Celie,
abusada física e psicologicamente desde a infância. A obra se mostra muito
atual até hoje por retratar a dureza de uma realidade de pobreza e opressão
étnica, social e de gênero.
Dicas literárias: O templo dos meus familiares,
Rompendo o silêncio e A cor púrpura.
2. Alison Bechdel
Cartunista
norte-americana, Alison começou a chamar atenção da crítica quando lançou Dykes to watch out for, série de
tirinhas que tratava de relacionamentos lésbicos, produzida ao longo de 25
anos, entre 1983 e 2008. O maior reconhecimento, no entanto, veio em 2005,
quando a autora publicou Fun Home,
obra autobiográfica em quadrinhos, que fala da complicada relação entre Alison
e seu pai. Apontada pela revista Time
como melhor livro do ano, a obra se tornou a única HQ a receber esse título e,
em 2007, recebeu o Eisner Award, prêmio importantíssimo no universo dos
quadrinhos. Mais tarde, o livro ganhou uma adaptação musical na Brodway, recebendo cinco Tony Awards.
Alison também é famosa pela criação do Teste de Bechdel, o qual avalia os
estereótipos femininos no cinema.
Dicas literárias: Fun Home – uma tragicomédia em família e Você é minha mãe? Um drama em quadrinhos.
3. Babi Dewet
Carioca, Bárbara
“Babi” Dewet começou sua história como amante da literatura muito cedo, aos
três anos, depois de ler Rei Arthur e os
Cavaleiros da Távola Redonda. Fã de Harry
Potter e Beatles, Babi conheceu,
aos dezoito anos, a banda McFly, algo
que mudou completamente sua vida. Ela passou a escrever fanfics (estórias
escritas por fãs) interativas sobre a banda, dentre elas a trilogia Sábado à noite, que, de tão famosa entre
os fãs da banda, virou livro, em 2010, publicado de forma independente, o qual
vendeu mil cópias em menos de um ano. Mais tarde, a trilogia foi publicada pela
editora Generale e desde então Babi tem vivido da literatura.
Dicas literárias: Sábado à noite, Sonata em
punk rock e Um ano inesquecível.
4. Carola Saavedra
Carola é uma
escritora nascida no Chile, mas veio ao Brasil com a família ainda muito nova.
Formada em jornalismo pela PUC Rio, concluiu o mestrado em Comunicação Social
na Alemanha. A autora tem livros traduzidos para o inglês, francês, alemão e
espanhol, é vencedora do prêmio de melhor romance pela Associação Paulista dos
Críticos de Arte, com o livro Flores
azuis (Companhia das Letras, 2008), e finalista do prêmio Jabuti com o
mesmo romance e com Paisagem com
dromedário (Companhia das Letras, 2010).
Dicas literárias: Toda terça, Flores azuis,
Paisagem com dromedário e O inventário das coisas ausentes.
5. Carolina Maria de Jesus
Carolina foi uma
escritora brasileira, nascida em Sacramento, Minas Gerais, que alcançou fama ao
ter seu diário publicado, em 1960, sob o nome Quarto de despejo – diário de uma favelada. Negra e semianalfabeta
– cursou apenas até o segundo ano do primário –, Carolina correu o mundo, tendo
seu livro traduzido em treze idiomas. Engana-se, no entanto, quem acredita que Quarto de despejo seja apenas uma
descrição fidedigna do dia a dia na favela, pois o livro é, sobretudo, a prova
de que a favela é muito mais do que reprodutora de cultura, ela é, antes,
produtora e porta-voz da sua própria cultura.
Dicas literárias: Quarto de despejo, Pedaços da
fome e Onde estaes felicidade?
6. Chimamanda Ngozi Adichie
Nascida na
Nigéria, Chimamanda deixou o país aos dezenove anos e foi rumo aos Estados
Unidos, onde se tornou mestra em escrita criativa pela Universidade Johns
Hopkins e mestra em estudos africanos pela Universidade Yale. Em 2009, Adichie
falou sobre o perigo das histórias únicas no TED e, em 2012, ela realizou uma
palestra intitulada Todos nós deveríamos
ser feministas no TEDxEuston. Mais tarde, esse discurso foi incorporado na
música Flawless, da Beyoncé e, com
isso, a autora ganhou ainda mais visibilidade. Em 2014, essa mesma palestra foi
publicada em forma de livro, sob o título Sejamos
todos feministas.
Dicas literárias: Sejamos todos feministas, Hibisco
roxo e Americanah.
7. Eliane Brum
Formada em
jornalismo pela PUC do Rio Grande do Sul, Eliane trabalhou dez anos como
repórter do jornal Zero Hora e onze anos como repórter especial da Revista
Época. Em 2010, passou a atuar como freelancer e, desde 2013, escreve para o
jornal El País. Seus artigos possuem
linguagem acessível e são sempre muito bem escritos, o que já lhe rendeu mais
de quarenta prêmios nacionais e internacionais. É autora de um romance,
intitulado Uma duas, um livro de
crônicas, A menina quebrada, o qual
reúne diversas de suas colunas escritas pra Revista Época e de livros de
reportagem, dentre eles A vida que
ninguém vê, vencedor do prêmio Jabuti de Reportagem, em 2007.
Dicas literárias: Coluna Prestes – o avesso da lenda, Uma duas, O olho da rua e
A vida que ninguém vê.
8. Harper Lee
Nella Harper Lee
foi uma escritora norte-americana, nascida em 1926, vencedora do prêmio
Pulitzer de ficção, em 1961, pelo livro O
sol é para todos. Após sua publicação, em 1960, Harper Lee nunca mais
lançou nenhum livro, até que fosse descoberto, em uma caixa, o livro Vá, coloque um vigia, publicado em 2015.
Em 2007, a autora foi premiada com a Medalha Presidencial da Liberdade dos
Estados Unidos por suas contribuições à literatura. E, em 19 de fevereiro 2016,
ela faleceu de causas naturais, aos 89 anos.
Dicas literárias: O sol é para todos e Vá,
coloque um vigia.
9. Hilda Hilst
Considerada como
uma das melhores escritoras em língua portuguesa do século XX, Hilda Hilst,
natural de Jaú, entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo,
em 1948, onde conheceu Lygia Fagundes Telles, que se tornaria sua grande amiga.
Em 1964, cansada da vida agitada de São Paula, Hilda se muda para a fazenda da
mãe, próxima a Campinas, onde permanece até o fim da construção da Casa do Sol,
local planejado cuidadosamente por ela para ser um espaço de inspiração e
criação artística. Lá, ela hospedou diversos artistas ao longo dos anos, como
Caio Fernando Abreu e, depois de sua morte, o Instituto Hilda Hilst passou a
manter o espaço, mantendo a tradição de receber artistas dispostos à criação
artística. Autora de diversos livros, Hilda recebeu o prêmio de melhor livro do
ano, por seu livro Ficções, pela
Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 1984, a autora recebeu o prêmio
Jabuti por seu livro Cantares de perda e
predileção, além de outros diversos prêmios.
Dicas literárias: A obscena senhora D, Fluxo-floema, Tu não te moves de ti e Bufólicas.
10. Lady Sybylla
Geógrafa,
professora, mestra em Paleontologia e blogueira no Momentum Saga, Sybylla é fã de ficção científica há anos.
Feminista, ela se preocupa com a diversidade e a representatividade nesse
gênero. Junto à Aline Valek, organizou uma coletânea de contos intitulada de Universo Desconstruído, que leva seu
conto Codinome Electra. Mais tarde,
ela organizou a segunda edição dessa coletânea, na qual publicou o conto BSS Mariana. Escritora independente, ela
disponibiliza o download gratuito dos
contos em seu blog.
Dicas literárias: Diga meu nome e eu viverei, Missão
Infinity, Mais um dia glorioso em Tau
Citi! e Codinome Electra.
11. Marjane Satrapi
Escritora e
ilustradora, nascida no Irã, Marjane vem de uma família profundamente envolvida
com o movimento de esquerda no Irã. Aos 14 anos, em 1983, foi mandada, por seus
pais, para Áustria, como forma de fugir do regime iraniano, que repreendia cada
vez mais a liberdade civil dos cidadãos. Nos anos 2000 ela lançou a série
autobiográfica Persépolis, graphic novel traduzida em diversas
línguas, na qual conta sobre seus anos de ensino médio em Viena, onde morou em
diversos lugares até, por fim, encontrar-se desabrigada. Devido às difíceis
condições de vida, Marjane contraiu pneumonia, o que a fez retornar ao Irã. Lá,
ela conheceu um homem com quem se casou aos 21 anos e, depois, divorciou-se.
Tornou-se metra em Comunicação Social pela Universidade Islâmica Azad e,
atualmente, mora em Paris. Em 2007, Persépolis
foi adaptada para o cinema. Aclamado pela crítica, o filme foi indicado, em
2008, ao Oscar de Melhor Filme Animado.
Dicas literárias: Persépolis, Bordados e Frango com ameixas.
12. Paulina Chiziane
Nascida em Moçambique, nos subúrbios
da cidade de Maputo, Paulina foi membra da Frente de Libertação de Moçambique
(Frelimo), participando ativamente do cenário político do país. Entretanto, a
escritora abandonou a militância para se dedicar à literatura por estar
desiludida com as diretivas políticas da Frelimo. Em 1990, publicou Balada de amor ao vento, que lhe rendeu
o título de primeira mulher moçambicana a publicar um romance e, em 2003,
recebeu o prêmio José Caveirinha pela obra Niketche:
uma história de poligamia.
Dicas literárias: O alegre canto do perdiz, Ventos do Apocalipse, Niketche: uma história de poligamia e Balada de amor ao vento.
Unknown / Perfil
Associação civil sem fins lucrativos formada por alunos do Instituto de Estudos da Linguagem, a Odisseia foi idealizada com o objetivo de preparar seus integrantes para o mercado de trabalho. Seus serviços oferecidos incluem coaching, revisão e análise crítica/parecer crítico; tópicos que estão, de certa forma, inseridos na criação dos cursos de Estudos Literários, Letras e Linguística. Além de oferecer esses serviços, a empresa busca estabelecer um vínculo maior entre os estudantes do Instituto de Estudos de Linguagem da UNICAMP (IEL) e o mercado editorial.
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