Receba as nossas postagens!

Seu e-mail

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Clássico do ciclo do romance nordestino, 'A Bagaceira' ganha nova edição

Unknown




Nova capa de "A bagaceira", lançado pela editora José Olympio
Em nova edição, com capa renovada, a José Olympio relança A bagaceira, de José Américo Almeida. Considerado o marco inicial da segunda fase do Modernismo brasileiro e obra inaugural do ciclo do “romance nordestino” dos anos 1930, o livro traz glossário composto pelo próprio autor e Ivan Cavalcanti Proença e introdução de M. Cavalcanti Proença.


A trama se passa entre 1898 e 1915, dois períodos de grandes secas nordestinas. O enredo central gira em torno do triângulo amoroso entre Soledade, Lúcio e Dagoberto. Soledade, menina sertaneja, retirante da seca, chega ao engenho de Dagoberto, pai de Lúcio, acompanhada de vários retirantes: Valentim, seu pai, Pirunga, seu irmão de criação, e outros que fugiam da seca. Lúcio e Soledade acabam se apaixonando. Mas a relação entre os dois ganha ares dramáticos quando Dagoberto violenta Soledade e faz dela sua amante.
A tragédia de amor serve ao autor, político paraibano, puramente como pretexto para denunciar os problemas sociais econômicos do Nordeste, os dramas dos retirantes das secas e da exploração do homem em um injusto sistema social. Explorando os mesmos temas, o baiano Jorge Amado, a cearense Rachel de Queiroz, o alagoano Graciliano Ramos e o também paraibano José Lins do Rego desenvolveram a mesma literatura ficcional crítica e revolucionária.
O livro chega às livrarias em fevereiro.
Abaixo, o texto da orelha da nova edição de A bagaceira:
Em depoimento a João Condé – para os famosos “Arquivos implacáveis”, publicados na revista O Cruzeiro – José Américo de Almeida afirmou não escrever cartas por não ter jeito para o estilo epistolar, mantendo apenas correspondência telegráfica. No romance ele igualmente é telegráfico, pontilhista, recortado, pouco propenso a andamentos narrativos mais fluidos e livres. Sua índole não era bem a do contador de histórias. Antes defendia ideais. E estava com 38 anos quando escreveu A bagaceira, por volta de 1925. A primeira edição é de 1928, pela Imprensa Oficial da Paraíba, que tirou a segunda nesse mesmo ano. Também no mesmo ano, a Livraria Castilho, do Rio de Janeiro, realizou mais duas edições, incluindo então o famoso glossário preparado pelo autor e mais tarde ampliado por Ivan Cavalcanti Proença. Foram quatro edições no ano da estréia, e dezenas de outras nas décadas seguintes.
Este romance de sucesso, como é sabido, prenunciou o chamado romance de 30 no que ele tem de mais característico, isto é, o apego ao regional e o registro de um mundo em decadência (o da sociedade patriarcal), com a “luta de classes” na berlinda dos novos tempos. Representativo, como apontou agudamente Wilson Martins, mais pela “moral estética” que impôs do que propriamente pela influência. Mas é de se indagar, com Martins, se os romances de José Lins do Rego seriam os mesmos sem a presença deste livro fundador de José Américo de Almeida.
Poeta da prosa, e poeta de índole romântica, seu lirismo cintilante e seu – talvez para o leitor de hoje – desconcertante estilo adjetival guardam um pouco do emaranhado telúrico de Os sertões. Não por acaso, Temístocles Linhares afirmou que Euclides da Cunha, se fosse romancista, teria subscrito A bagaceira. A natureza indomável, que por vezes José Américo recorta numa moldura dantesca, sinaliza o parentesco: “Procurava uma impressão que lhe pacificasse o espírito e a selva bruta dava-lhe a idéia de um conflito. Árvores deitadas sobre árvores. Deformidade de corpos humanos. Plantas corcundas com as copas no chão. Cipós enforcando troncos veneráveis.”
Eis porque A bagaceira pouco ou nada tem de modernista, seja pela linguagem, seja pela temática. Apesar disso, sua matéria – a “bagaceira” humana dos engenhos, o sertão, o jagunço, o retirante, a seca, o triângulo amoroso de implicações freudianas –, junto a certos aspectos pitorescos como o da assimilação da gíria nordestina, parece ter criado mais que os conhecidos elementos deflagradores do romance brasileiro pós-1930. Porque em Rachel de Queiroz e Jorge Amado, em José Lins do Rego e Amando Fontes, e até em Lúcio Cardoso e Guimarães Rosa, são muitos os traços cuja origem pode estar neste drama sertanejo, com sua música e cor local. A observação de Guimarães Rosa não deixa dúvidas: “José Américo de Almeida – que abriu para todos nós o caminho do moderno romance brasileiro.” (André Seffrin)

Publicação original: http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2017/02/08/classico-do-ciclo-do-romance-nordestino-a-bagaceira-ganha-nova-edicao/


Unknown / Perfil

Associação civil sem fins lucrativos formada por alunos do Instituto de Estudos da Linguagem, a Odisseia foi idealizada com o objetivo de preparar seus integrantes para o mercado de trabalho. Seus serviços oferecidos incluem coaching, revisão e análise crítica/parecer crítico; tópicos que estão, de certa forma, inseridos na criação dos cursos de Estudos Literários, Letras e Linguística. Além de oferecer esses serviços, a empresa busca estabelecer um vínculo maior entre os estudantes do Instituto de Estudos de Linguagem da UNICAMP (IEL) e o mercado editorial.

0 comentários:

Postar um comentário

Coprights @ 2016, Blogger Templates Designed By Templateism | Templatelib | Distributed By Blogger Templates