Janet Malcom |
segunda-feira, 23 de janeiro de 2017
A mulher calada
Na edição lançada
pela Companhia das Letras, em 2012, de A mulher calada, logo
abaixo do título encontram-se as seguintes palavras: Sylvia Plath, Ted Hughes e
os limites da biografia. O livro não é uma biografia. Não conta toda a
história da Sylvia Plath e nem de longe é linear. Envolve muita informação
sobre o que ocorreu após a morte da escritora. Tudo em A mulher calada gira
em torno da figura mítica em que Plath se tornou. A dor, o silêncio,
a poesia, o suicídio. Há muitas informações interessantes, pequenas
histórias e uso de cartas.
A autora, Janet
Malcolm, é escritora e jornalista do New Yorker, autora de diversos livros
sobre reportagem. Em A mulher calada, Janet entrevistou muitas
pessoas que conheceram Sylvia Plath quando ela estava viva. Uma delas diz que
Sylvia nunca foi uma moça suave e emotiva.
O livro aborda a
relação entre Plath e seu marido, Ted Hughes. Após descobrir as traições do
marido, eles se separaram. Sylvia Plath sofreu muito. Foi morar, em um
apartamento, com os dois filhos. Malcolm entrevistou o vizinho que a viu
antes do suicídio. Além disso, ela entrevistou uma amiga para quem Sylvia
confessou seus sentimentos acerca da traição.
“Mas a coisa mais assustadora
que ela me disse foi: “Quando você entrega todo o coração a uma pessoa e ela
não aceita, não dá pra pegar de volta. Você o perde pra sempre.”
O problema é que,
após o suicídio, Ted Hughes ficou responsável pelas obras feitas em vida por
Sylvia Plath. Ele proibiu a publicação de vários poemas e textos dos diários,
vários deles que se referiam ao casamento entre os dois.
A mulher calada não aborda apenas Ted Hughes, também cita a sua irmã, Olwyn
Hughes. Ela não tinha uma boa relação com Plath. Janet Malcolm aborda toda a
influência dos irmãos nas criações das biografias sobre Plath. Toda a
dificuldade de se entender a pessoa sobre a qual está se escrevendo e sobre
como lidar com os vivos que a conheceram. Os irmãos estão constantemente censurando
quem tenta escrever uma biografia sobre Plath. Essa é a discussão sobre os
limites da biografia citada na capa do livro. O debate é interessante, em
nenhum momento fica maçante. Janet Malcolm faz ótimas referências, entre elas,
uma em que compara a ida da americana Plath para morar na Inglaterra. Ela
é colocada como Isabel Archer, do romance Retrato de uma senhora.
Ted é Osmond e Olwyn é Madame Merle.
A mulher calada é uma discussão sobre biografias dentro de uma diferente
biografia.
As discussões presentes
no livro lembram uma frase do romance de Bernardo Carvalho, Nove
noites: "Os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos
mortos". Ted Hughes que o diga.
Unknown / Perfil
Associação civil sem fins lucrativos formada por alunos do Instituto de Estudos da Linguagem, a Odisseia foi idealizada com o objetivo de preparar seus integrantes para o mercado de trabalho. Seus serviços oferecidos incluem coaching, revisão e análise crítica/parecer crítico; tópicos que estão, de certa forma, inseridos na criação dos cursos de Estudos Literários, Letras e Linguística. Além de oferecer esses serviços, a empresa busca estabelecer um vínculo maior entre os estudantes do Instituto de Estudos de Linguagem da UNICAMP (IEL) e o mercado editorial.
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